Paulo Gonzo - Duetos (2013) [320kbps]

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Paulo Gonzo - Duetos (2013) [320kbps] (Size: 109.9 MB)
 01. Quem De Nos Dois (Com Ana Carolina).mp311.83 MB
 10. Vais Entender (Com Fafa De Belem).mp311.65 MB
 07. A Outra (Com Matias Damasio).mp311.6 MB
 11. Coisas Soltas... (These Folish Things) (Com Rui Reininho & Bernardo Sassetti).mp311.51 MB
 04. Vencer Ao Amor (Com India Martínez).mp310.74 MB
 08. Talk To Me Instead (Com Tammy Payne).mp310.1 MB
 03. So (Com Jorge Palma).mp39.68 MB
 06. Fascinacion (Com Carlos Rivera).mp38.79 MB
 02. Ela E... (Com Anselmo Ralph).mp38.71 MB
 05. Woman Woman (Com Mario Biondi).mp38.1 MB
 09. Negra (Com Tito Paris).mp37.19 MB


Description




Ficha detalhada :
Tracklist:
01. Quem De Nos Dois (Com Ana Carolina)
02. Ela E… (Com Anselmo Ralph)
03. So (Com Jorge Palma)
04. Vencer Ao Amor (Com India Martínez)
05. Woman Woman (Com Mario Biondi)
06. Fascinacion (Com Carlos Rivera)
07. A Outra (Com Matias Damasio)
08. Talk To Me Instead (Com Tammy Payne)
09. Negra (Com Tito Paris)
10. Vais Entender (Com Fafa De Belem)
11. Coisas Soltas… (These Folish Things) (Com Rui Reininho & Bernardo Sassetti)

Intérprete: Paulo Gonzo

Editor: Sme

Data de lançamento: Dezembro 2013


Descrição:
Mais vale só? A regra, que gostamos de acolher e aplicar quando se trata de afirmar ou sublinhar personalidade e independência, escapa-se ao absoluto – tudo depende do momento. E, já agora, das companhias. Na viagem musical de Paulo Gonzo, uma daquelas que se ri da linha recta como trajecto recomendado a adoptar entre dois pontos, este abrir de portas aos parceiros de voz fica longe de ser algo inédito mas ganha agora a sistematização e a intensidade de um capítulo autónomo. Antes, já as cumplicidades tinham aberto a porta a Olavo Bilac ou a Lúcia Moniz, só para citar dois exemplos. Mas fica a ideia de que nenhum antipasti seria capaz de nos preparar para a verdadeira diáspora – geográfica, cultural, estética – que o cantor assume agora, uma espécie de big bang que solta luzes novas e intensas a cada explosão, ou seja, a cada encontro. Que diabo!, quem já foi bluesman, cantor de soul, rocker, parente próximo do jazz, crooner, baladeiro, até fadista – e Paulo Gonzo já foi tudo isto, de pleno direito e com eficácia absoluta – tem como crédito toda a legitimidade para continuar a crescer, algo inevitável quando se partilha sem reservas, e para, ao mesmo tempo, se divertir e nos estender a nós o prazer em estado puro.
Este álbum de Paulo Gonzo, o mesmo homem que colecciona êxitos em Português e que nunca abdicou de mostrar como é incondicional do soul e dos blues (basta apanhar as pérolas espalhadas ao longo do currículo de gravações ou concentrarmo-nos no irrepreensível disco By Request), vale como um autêntico menu de degustação. Passe a expressão e fique a ideia, porque não há exageros nem repetições, porque a cadência é de surpresas consecutivas, porque os sabores ganham as asas dos melhores contrastes, porque a única lógica é a da qualidade e a única lei é a da diferença, percorrida canção a canção. Não se pense, no entanto, que o homem que serve de interface às canções e aos contornos deste disco sempre cozinhado em equilíbrios de risco se encosta a qualquer espécie de exibicionismo ou de desleixo. É precisamente o contrário que ocorre, quando Paulo Gonzo é chamado pelos talentos daqueles que sabia e instintivamente convocou a respostas absolutamente distintas entre si. Sem nunca se afastar da sua própria alma de conhecedor curioso e de descobridor destemido.
Façam o favor de seguir as propostas à la carte. Tudo começa com um crooning de sonho, que parecia estar guardado para as vozes do anfitrião e da espantosa Ana Carolina, brasileira universal. É verdade que o original do tema até é italiano, que Ana Carolina a chamou ao Português há mais de uma dezena de anos, mas a convergência de dois privilegiados para uma história de adeus (será mesmo?) dá ao enredo uma nova dimensão. Logo a seguir entra em cena Anselmo Ralph, representante maior do balanço sedutor e da doce “malandrice” angolana – a passadeira estendida ao português é aproveitada para outro exemplo da multiplicidade de paixões de Paulo Gonzo. Vem depois um encontro de mestres, chamado Jorge Palma para um contraponto que, aos primeiros versos, já é um clássico. Vale a pena lembrar que este Só já passou pela voz de Gonzo, há mais de quinze anos (Voz e Guitarra, 1997) mas só agora cria espaço para a presença do autor. Com a andaluza India Martínez, a conversa é outra, com flamenco e salero em fundo, com uma vibração que não se confunde. Quando cabe ao italiano Mário Biondi assegurar a sua réplica a Gonzo, podíamos estar a ouvir a resposta de Barry White a Ray Charles – não é dizer pouco sobre as alturas alcançadas no dueto que é uma das chaves de todo o álbum.
Sem darmos por isso, que as boas novas não se cronometram, já foi desbravada quase metade deste disco. Ficou dado o mote: um tempero para cada compasso, um perfume para cada diálogo, uma dimensão para cada guião. Sem problemas, deixamo-nos guiar até à América Latina, para que o mexicano Carlos Rivera recupere, mano a mano, o êxito que é Fascinación. A passada africana está de volta, outra vez com Angola (e Matias Damásio), mais adiante com Cabo Verde (e esse viajante de tantos mares que é Tito Paris). Mas não se dispensa o slow assolapado, Talk To Me Instead, capaz de convocar uma gloriosa desconhecida, mas só até agora – Tammy Payne. Ainda se descobre um lugar especial para que Fafá de Belém venha derramar mais-valias sobre Vais Entender, que Paulo Gonzo deixa à solta para uma versão em que se percebe que, entre o melhor de Portugal e do Brasil, não há mesmo longe nem distância. Se é possível falar de despedidas num registo em que a boa tentação é voltar ao princípio, baralhar e deixar correr o shuffle do iPod, o tom é o certo, quando Rui Reininho assina a versão feliz de These Foolish Things e o saudoso Bernardo Sassetti passeia pelo piano, em fundo ou bem à vista. Faz-se justiça, dentro da multiplicação dos gostos.
Paulo Gonzo é, desta vez, o cicerone que tem espaço para caminhar em todas as direcções, nunca cedendo aos sentidos obrigatórios. Não precisa de ser o “macho alfa” de uma alcateia de notáveis cantores porque lhe cabe, naturalmente, a condução dos acontecimentos. Não cansa, ouvi-lo. Nem nos cansamos de abraçar, com o aplauso, com a emoção, com a fidelidade que merecem os que mantêm a luz acesa, cada um dos passos deste cantor que, tantos anos e tantas cantigas depois, ainda nos arrebata e comove e convence. Volto quase ao princípio: mais vale sê-lo que parecê-lo. Paulo Gonzo é – e não está só, como fica demonstrado.




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